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Arquitetos: AIA Estúdio
- Área: 58 m²
- Ano: 2025
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Fotografias:Fran Parente

Descrição enviada pela equipe de projeto. A proposta para o projeto da primeira loja da BOTTI no Rio de Janeiro foi elaborada a partir da premissa conceitual de criar uma ponte entre a identidade da marca e o contexto carioca onde ela agora se insere. Criada em São Paulo pela designer Bruna Botti, a marca carrega em sua identidade não só as referências de sofisticação e urbanidade de sua cidade de origem, mas também um forte vínculo com o artesanal e com a natureza. Por isso, buscou-se traduzir esses elementos em uma arquitetura que une referências urbanas e naturais de maneira simbiótica.


A loja permanece aberta ao espaço comum da galeria, sem porta, como se a natureza estivesse sempre convidando para dentro. Foi projetado um pórtico em aço inox escovado que marca essa transição entre dentro e fora, além de um único grande elemento com acabamento que evoca uma falésia - que funciona como uma de vitrine aberta.

A espacialidade é marcada por um elemento curvo no fundo de loja; uma preexistência que foi revelada no projeto, uma rampa que dá acesso ao estacionamento da galeria e antes ficava escondida na área de estoque da antiga loja. No projeto optou-se por tirar partido dela em vez de escondê-la, ganhando área útil e, sobretudo, profundidade para o espaço da loja como um todo.

O piso, é dividido por uma linha curva que evoca o encontro entre mar e areia: de um lado, um carpete terroso; do outro, microcimento em tom claro, remetendo às paisagens litorâneas sob uma perspectiva abstrata, utilizando materiais associados ao ambiente urbano.

Outros elementos da loja também reforçam o diálogo entre natureza e urbe. A iluminação principal foi concebida pela equipe de arquitetura a partir do uso de sacolas plásticas recicladas desenvolvidas pela Vaique, aplicadas como uma espécie de tela tensionada. O resultado é uma superfície leve, etérea e sustentável, que se tornou o ponto central da atmosfera do espaço.

A escolha desse material como protagonista do projeto de iluminação faz parte de uma estratégia mais ampla, cujo objetivo foi criar uma ambientação em que os contrastes entre o urbano e o natural são explorados de forma sensível. Nesse caso, a sacola plástica reciclada — de natureza intrinsecamente industrial — é utilizada artesanalmente para compor a superfície iluminada sustentada por perfis metálicos. A luz atravessa o material, revelando e ressaltando sua textura, que se mostra, ironicamente, orgânica, reforçando a linguagem estética que propõe combinar contraste e fusão de opostos.


Os expositores de parede foram feitos com pedras fragmentadas, que se tornam plataformas para os sapatos, conferindo à instalação um ar de ruína controlada. Também foi criado um contraste entre alumínio escovado e palha nos assentos localizados ao fundo da loja. O letreiro, feito em cerâmica, completa a proposta ao oferecer um detalhe artesanal e inesperado, reforçando a estética bruta e sensível que norteia o projeto.





















